Chegando aos 10 anos do Skull Rocker's Motorcycle Club, penso em tudo o que vivemos. Penso nas pessoas que, ao longo dos anos, se agregaram ao clube e naquelas que nos deixaram, de uma forma ou de outra.
Sei que falo muito sobre a responsabilidade de carregar as cores de um clube que se propõe a fazer um trabalho sério — e isso não é à toa. A responsabilidade é real. Suas ações, palavras e gestos podem — e irão — refletir não só na sua caminhada, mas também na caminhada dos demais membros, onde quer que estejam. E isso, sim, é uma grande responsabilidade.
Posso dizer que mudei bastante ao longo desses 10 anos, assim como o clube também mudou. Várias das minhas ações, hoje, seriam diferentes. Outras, não... A maturidade muda a gente, mas a essência deve ser sempre preservada.
Lembro daqueles com quem sentei para ouvir histórias, antes mesmo do SKROMC ser iniciado, e de como as palavras ditas há quase duas décadas refletem no que somos hoje, enquanto clube. Tenho muito orgulho do que construímos e sei que o futuro será de grandes batalhas — e de grandes conquistas.
Hoje, sou eu quem senta com os mais novos para contar histórias daquilo que vivi e do que aprendi ao longo da minha jornada. Sei que, muitas vezes, quebro algumas expectativas, arruíno ideais românticos de uma irmandade motociclística pura e bela. Mas entendo que essa, hoje, é a minha função. Eu mesmo já fui aquele que corrigia os outros: “Não é motoqueiro! Somos motociclistas!” (Tudo bobagem...).
Imaginava, ainda jovem, que tudo era irmandade — até o momento em que não foi mais. Isso me fez desistir? Não! Eu segui, e aprendi que a irmandade se constrói com aqueles que estão dispostos a isso. Algo que me fez valorizar ainda mais as cores que ostento — e aqueles que as dividem comigo. As mesmas cores que, numa madrugada de julho de 2015, surgiram como revolta, como afronta, em vermelho, preto e branco.
Em todos esses anos da minha caminhada, a melhor escolha que fiz, enquanto motoqueiro (sim, eu sou motoqueiro), foi a fundação do Skull Rocker's. E sei que a maior parte das pessoas não entende o quanto este clube está entranhado na minha existência. Às vezes, é difícil explicar — ou mesmo racionalizar — até que ponto isso vai.
No entanto, nada é eterno. E eu, muito menos. Minha missão agora é preparar as novas lideranças que virão, para que o clube continue crescendo com ética, orgulho e força para enfrentar os desafios futuros. E nada poderia me honrar mais do que exercer essa função.
Que venham mais incontáveis anos para aqueles que são — e sempre serão — resistência.